QUADRILHA, de Carlos Drummmond de andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Responda:
1-
Qual a visão do poeta em relação ao relacionamento amoroso: crítica, irônica ou
trágica?
2-
De acordo com o texto, como que é o relacionamento amoroso?
3-
Essa forma de interpretar o relacionamento amoroso pode ser considerada
moderna? Por quê?
4-
Analisando o poema, o título “Quadrilha”, foi bem escolhido? Por quê?
5-
O poema “Quadrilha” é leve e bem humorado. Apesar disso, ele é reflexivo?
Justifique sua resposta.
6-
Esse poema pertence ao livro Alguma poesia, de Carlos Drummond de
Andrade, publicado em 1930. Use a sua
criatividade e reescreva o poema utilizando termos ou expressões relacionadas
aos dias atuais.
Fonte:
Português Linguagens – Willian Roberto Cereja / Thereza Cochar Magalhães –
Volume 3 – pp. 213/214 (Adaptação)
Fonte da imagem: http://blogs.utopia.org.br/levi/files/coracoralina.jpg
As Cocadas
Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco. Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando foi cortada em losangos. Saiu uma cocada morena, de ponto brando atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais
numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira.
Duas cocadas só... Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez, mesmo. Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível. De noite, sonhava com as cocadas. De dia as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguando e de olho na terrina.
Batia os ovos, segurava gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava na boca do forno e socava cascas no pesado almofariz de bronze.
Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló. Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiiii... Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão, no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina.
As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor.
Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador... Trovador... e veio o Trovador, um perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido, abanando a cauda. Farejou os doces sem interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso.
Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas. Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – má e dolorida - de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.
Cora Coralina
Fonte: http://leiturativa.blogspot.com.br/2007/05/as-cocadas.html
Acesse o link:Int Texto - Cora Coralina - 8 Ano Interpretação As três rosasInt Texto 8 AnoEra uma vez... Dinâmica em sala Fonte: http://acervodeprofessor.blogspot.com.br
TEXTO: MEU IDEAL
SERIA ESCREVER... – Rubem Braga
Meu ideal seria
escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa
cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse
a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a
contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para
contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente
espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de
sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa
(que não sai de casa), enlutada (profundamente triste), doente. Que ela
mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si
própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”
Que um casal que
estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a
mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido
pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a
irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse
conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem
poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do
outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a
alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias,
nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão
fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos
limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário
((autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce
autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha
história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres
colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu
não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus
empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea
homenagem à minha história.
E que ela aos
poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse
atribuída a um persa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria
(país da África), a um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um
japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura,
a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da
China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi
uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena
ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por
nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de
um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma
história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso
até nosso conhecimento; é divina.”
E quando todos me
perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia
que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a
contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem
ouvi um sujeito contar uma história...”
E eu esconderia
completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só
segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre
está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu
bairro.
INTERPRETAÇÃO DO
TEXTO
01) Por que o
autor deseja escrever uma história engraçada?
02) Por que ele
diz que a moça tem uma casa cinzenta, e não verde, azul ou amarela?
03) Ao descrever
um raio de sol, o autor lhe atribui características que, de certa forma, se
opõem às da moça. Cite algumas dessas características opostas.
04) Como você
interpretaria a oração “que todos limpassem seu coração com lágrimas de
alegria”?
05) O autor sonha
em tornar mais felizes e sensíveis apenas as pessoas de seu país? Justifique.
06) Relacione as
colunas conforme as reações das pessoas diante da história:
(a) moça triste (
) libertaria os detentos, dizendo-lhes para se comportarem, pois não gostava de
prender ninguém
(b) amigas da moça
triste ( ) sentir-se-ia tão feliz que se lembraria do
alegre tempo de namoro
(c) casal
mal-humorado ( ) ficariam espantadas com a alegria repentina
da moça
(d) comissário do
distrito ( ) concluiria que teria valido a pena viver
tanto, só para ouvir uma história tão
engraçada
(e) sábio chinês (
) ficaria feliz e contaria a história para a cozinheira e as
amigas
07) Por que o
autor não contaria aos outros que havia inventado a história engraçada para
alegrar a moça triste e doente? Copie a alternativa correta:
(a) porque, na
verdade, a moça triste não existia
(b) por que ele
mesmo não achava a história engraçada
(c) por modéstia e
humildade
(d) porque não
acreditariam que ele fosse capaz de inventar aquela história
08) Afinal, que
história Rubem Braga inventou para alegrar e comover tantas pessoas?
09)
Na sua opinião, o que mais sensibiliza as pessoas: histórias engraçadas ou
dramáticas? Justifique.
TOCANDO
EM FRENTE
(Almir
Sater / Renato Teixeira)
- Ando devagar porque já tive pressa
- E levo esse sorriso porque já chorei demais
- Hoje me sinto mais forte, mais feliz,
- Quem sabe eu só levo a certeza
- De que muito pouco eu sei
- Ou nada sei
- Conhecer as manhas e as manhãs
- O sabor das massas e das maçãs
- É preciso amor para poder pulsar
- É preciso paz para poder sorrir
- É preciso chuva para florir
- Penso que cumprir a vida seja simplesmente
- Compreender a marcha e ir tocando em frente
- Como um velho boiadeiro levando a boiada
- Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
- Estrada eu vou
- Todo mundo ama um dia
- Todo mundo chora um dia
- A gente chega e no outro vai embora
- Cada um de nós compõe a sua história
- E cada ser em si
- Carrega o dom de ser capaz
- E ser feliz
Após ler
atentamente o texto, responda às questões:
1.
Assinale mais de uma alternativa que esteja de acordo com o texto:
a.
( ) Para o poeta, a vida deve ser levada, tocada como uma boiada,
pois não conseguimos entender a imprevisibilidade de ambas.
b.
( ) Só é possível ser feliz nesta jornada, depois de um toque de
Deus, o velho boiadeiro, que nos impulsiona pela longa estrada da vida.
c.
( ) Só através do choro individual e de outros é que descobrimos o
valor de um sorriso.
d.
( ) Manhãs, maçãs e chuva fazem parte da nossa história, já que não
somos donos do nosso destino.
e.
( ) Segundo o poeta, para se viver, é necessário entender o
andamento da jornada e continuar vivendo.
2. Marque
as afirmativas com V para verdadeiro e F para falso, de acordo com o texto:
a.
( ) Viver é uma aprendizagem, fruto da observação atenta das
alegrias e dos sofrimentos pelos quais passamos.
b.
( ) Ser feliz é o destino de todos os seres humanos, independendo
das chegadas e das partidas.
c.
( ) A consciência do significado da vida e o dom da capacidade de
construirmos a nossa história nos deixa mais fortes, mais felizes.
d.
( ) O poeta tem hoje um sorriso de serenidade porque nunca levou a
vida com ligeireza.
e.
( ) Para podermos saborear a vida, precisamos vivenciar a paz e o
amor, entre outros fatores que nos mostram que é possível compormos a
nossa história com serenidade.
Assinale
a única alternativa correta:
3. Há
várias comparações no texto que nos leva a concluir que o poeta fala:
a.
( ) da boiada
b.
( ) do boiadeiro
c.
( ) do sabor das frutas
d.
( ) dos dias vividos
e.
( ) do dom da felicidade de cada um de nós
4. Nos
versos 5 e 6, o poeta demonstra que se considera um homem:
a.
( ) orgulhoso
b.
( ) sem cultura
c.
( ) experiente
d.
( ) humilde
e.
( ) sem rumo definido.
Responda
com suas palavras:
5. Como
era a vida do poeta no passado? Comprove sua resposta com versos da poesia.
__________________________________________________________
Gabarito
Questão
1. Alternativas a, c, e
Questão
2. a. (V) b.
(F) c. (V)
d.(F) e.(V)
Questão
3. Alternativa (e)
Questão
4. Alternativa (d)
Questão
5. A vida do poeta era agitada e sofrida, demonstrado nos versos 1 e 2
Fonte: juniormax.com.br
Leia mais: http://www.sandralamego.com/literatura/texto-para-interpretacao-ensino-medio-gabarito/#ixzz1xntSELkf
Questão
No 1º quadrinho, a fala do personagem pode ser substituída por:
(A) “Quer namorar comigo?”
(B) “Você é muito bonita para mim!”
(C) “Você é muito simpática!”
(D) “Você é muito humilde!”
Resposta correta: B
O
Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão
Não era um gato
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel
Bandeira)
Compreender:
1)
Explique o significado das palavras em destaque:
a)
“Catando comida entre os detritos”.
b)
“Engolia com voracidade”.
2)
Por que o
poeta, para referir-se ao homem, empregou a palavra bicho em vez de animal?
3)
Na terceira estrofe, o poeta, além de construir
frases negativas, repete uma mesma estrutura. O que isso sugere?
4) A
que estrofe você relacionaria a seguinte frase: “Fustigados pela imperiosa necessidade de se alimentar, os instintos
primários exaltam-se, e o homem, como qualquer animal esfomeado, apresenta uma
conduta mental que pode parecer a mais desconcertante.”
( ) primeira estrofe ( )
segunda estrofe ( ) terceira estrofe
5)
Com esse texto, o poeta pretende informar apenas
um fato observado ou comunicar uma determinada mensagem? Qual?
Discutir:
Uma parcela significativa da
população brasileira e da população mundial passa fome. Discuta com os seus colegas:
a)
As possíveis causas da fome no Brasil.
b)
As conseqüências da fome no nível social,
biológico e psicológico.
Criar:
Com base neste texto, componha:
a)
uma
poesia, expressando a realidade cruel em que alguns seres humanos vivem;
b)
uma dissertação analisando os problemas
decorrentes da fome;
c)
um cartaz solicitando a participação da
sociedade para o combate à fome.
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês nos empurram
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser ?
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
A receber o que vocês nos empurram
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser ?
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Compreender:
1)
No texto está presente uma oposição entre duas gerações. Quais são?
2)
Qual o sentido de enlatados
no texto:
( ) Metido ou conservado em lata.
( ) Comestível enlatado importado
( ) Filme, geralmente em série,
feito para a televisão e importado do exterior, de caráter alienante e de
escassa qualidade artística.
3)
A denominação Geração Coca-Cola
refere-se aos jovens.
a)
Que geração a criou?
b)
Essa denominação é uma característica elogiosa ou negativa? Por quê?
4)
De acordo com o texto, a Geração Coca-Cola é conseqüência de uma
educação falha.
a)
Como foi essa educação?
b) Qual a reação do jovem em
relação a essa educação?
( ) submissão ( ) revolta ( ) indiferença
5)
Os jovens mostram com ironia que são “bons alunos”. Como?
6) O que sugere o verso: “Suas
crianças derrubando reis”?
Discutir:
1)
Em todas as épocas, é comum os jovens não aceitarem a educação recebida
dos adultos.
a) Por que acontece isso?
b) Você concorda com a educação que
está recebendo? Justifique.
c) Se você tivesse um filho, como o
educaria?
Criar:
a) Crie uma poesia que expresse os
sentimentos de sua geração em relação aos adultos.
b) Escreva uma carta aberta aos
pais que expresse:
- suas reivindicações;
- seus medos;
- seus sonhos;
- suas frustrações;
- seu carinho;
- sua revolta.
Fonte: recebi por e-mail da colega Ivone Volpe.
TEXTO:
MEU IDEAL SERIA ESCREVER... – Rubem Braga
Meu ideal
seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa
cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse
a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a
contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para
contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem
alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como
um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa
(que não sai de casa), enlutada (profundamente triste), doente. Que ela
mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si
própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”
Que um
casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a
mulher, a mulher bastante irritada como o marido, que esse casal também fosse
atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que
aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua
má-vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e
ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um,
ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e
reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas
cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse
– e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que
todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário
((autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce
autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha
história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres
colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu
não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus
empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea
homenagem à minha história.
E que ela
aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse
atribuída a um persa (habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria
(país da África), a um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um
japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura,
a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da
China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma
história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter
vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por
nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de
um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma
história do céu que se filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso
até nosso conhecimento; é divina.”
E quando
todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu
responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um
desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a
contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”
E eu
esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha
história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está
doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena
casa cinzenta de meu bairro.
INTERPRETAÇÃO
DO TEXTO
01) Por
que o autor deseja escrever uma história engraçada?
02) Por
que ele diz que a moça tem uma casa cinzenta, e não verde, azul ou amarela?
03) Ao
descrever um raio de sol, o autor lhe atribui características que, de certa
forma, se opõem às da moça. Cite algumas dessas características opostas.
04) Como
você interpretaria a oração “que todos limpassem seu coração com lágrimas de
alegria”?
05) O
autor sonha em tornar mais felizes e sensíveis apenas as pessoas de seu país?
Justifique.
06)
Relacione as colunas conforme as reações das pessoas diante da história:
(a) moça
triste ( ) libertaria os detentos, dizendo-lhes para se
comportarem, pois não gostava de
prender
ninguém
(b)
amigas da moça triste ( ) sentir-se-ia tão feliz que se
lembraria do alegre tempo de namoro
(c) casal
mal-humorado ( ) ficariam espantadas com a alegria repentina
da moça
(d)
comissário do distrito ( ) concluiria que teria valido
a pena viver tanto, só para ouvir uma história tão
engraçada
(e) sábio
chinês ( ) ficaria feliz e contaria a história para a
cozinheira e as amigas
07) Por
que o autor não contaria aos outros que havia inventado a história engraçada
para alegrar a moça triste e doente? Copie a alternativa correta:
(a)
porque, na verdade, a moça triste não existia
(b) por
que ele mesmo não achava a história engraçada
(c) por
modéstia e humildade
(d)
porque não acreditariam que ele fosse capaz de inventar aquela história
08)
Afinal, que história Rubem Braga inventou para alegrar e comover tantas
pessoas?
09) Na
sua opinião, o que mais sensibiliza as pessoas: histórias engraçadas ou
dramáticas? Justifique.
Acesse o gabarito no link abaixo:
Acesse o gabarito no link abaixo:
Fonte: http://atividadespracolorir.blogspot.com.br/2012/09/interpretacao-de-texto-8-e-9-ano.html
Interpretação de texto 7º/ 8º anos Liberdade - Cecília Meireles com
gabarito
(Algumas das questões foram baseadas no Saresp, confira o gabarito no
final da postagem)
Liberdade
Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa
palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm
levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e
felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde
começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a
morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar
à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a
liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade! "; nossos avós cantaram:
"Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais
pediam: "Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós", e nós
recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos/
brilhou no céu da Pátria..." em certo instante.
Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com
disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escravo; é agir
segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e
essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é
repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso
do espírito. (Suponho que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é
ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente
entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra
inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir. (As vezes, é certo,
quebra alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de
outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio
de linha e um pouco de vento!
...
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da
fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do
incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade
nas mãos!
...
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento
luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte.
E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas
correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para frente, soltando seus papagaios, morrendo nos
seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que
falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha
linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...
(MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho: crônicas Editora
Record Rio de Janeiro, 2002, p. 07.)
Após ler atentamente o texto, responda as questões de 1 a 10:
De quem é a autoria? _______________________________________________________________
(Nas questões 2 a 7, assinale a alternativa correta)
2.O texto afirma que
(A) a escravidão depende das escolhas das pessoas.
(B) a liberdade de um acaba onde começa a liberdade
de outrem.
(C) as criaturas combatem a liberdade com
entusiasmo juvenil.
(D) os sentimentos sombrios deslumbram a liberdade.
3. O resultado de ser livre é
(A) ampliar a órbita da vida.
(B) cantar a liberdade como nossos avós.
(C) viver sem sonhar.
(D) viver sem qualquer obrigação.
4. A liberdade é tão fundamental ao homem que
(A) certamente se prefere a morte à liberdade.
(B) com liberdade tudo se consegue na vida.
(C) onde não há liberdade não há pátria.
(D) sem liberdade não se constrói coisa alguma.
5. Em “Ser livre é ser responsável, é repudiar
a condição de autômato e de teleguiado
(....)”, os termos destacados se referem a pessoas
que
(A) comportam-se de forma imprevisível.
(B) desobedem às regras e às convenções.
(C) fazem só o que os outros lhes determinam.
(D) sabem muito bem o que devem realizar.
6. No segundo parágrafo do texto, entende-se
que a Liberdade é
modernos.
(A) a inspiração para cantos antigos e
(B) o bem mais precioso do homem.
(C) um bem esquecido por nossos parentes.
(D) uma luta que, às vezes, vale a pena travar.
07. A questão central tratada no texto é
(A) a emoção dos antepassados.
(B) a felicidade das pessoas
(C) a liberdade humana.
(D)o combate à escravidão.
8.Qual o significado da palavra liberdade para você?
9.Você acha que o Brasil, atualmente, é uma nação livre? Justifique
sua resposta?
10.Releia: “Ser livre é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e
o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para
encontrar um caminho” (4º parágrafo). Como você compreende esse
trecho?
Gabarito:
1.Escolha seu sonho. Cecília Meireles (O aluno deve saber encontrar as
informações sobre o texto, ver que estão logo abaixo e que o sobrenome na
bibliografia vem primeiro, que o nome do livro geralmente aparece em
itálico...)
2 B, 3 A, 4 C, 5 C, 6 B, 7 C, - 8, 9 e 10 – respostas pessoais.